“Dies slowly he who transforms himself in slave of habit,
repeating every day the same itineraries,
who does not change brand,
does not risk to wear a new color and doesn’t talk to whom doesn’t know.
Dies slowly he who makes of television his guru.
Dies slowly he who avoids a passion,
who prefers black to white
and the dots on the “i” to a whirlpool of emotions,
just those ones that recover the gleam from the eyes,
smiles from the yawns, hearts from the stumbling and feelings.
Dies slowly he who does not overthrow the table
when is unhappy at work,
who does not risk the certain for the uncertain
to go toward that dream that is keeping him awake.
Who does not allow, at least one time in life, to flee from sensate advises.
Dies slowly he who does not travel, does not read,
does not listen to music, who does not find grace in himself.
Dies slowly he who destroys his self love,
who does not accept somebody’s help.
Dies slowly he who passes his days complaining of his bad luck or the incessant rain.
Dies slowly he who abandons a project before starting it,
who does not ask over a subject that does not know
or who does not answer when being asked about something he knows.
Dies slowly he who does not share his emotions, joys and sadness,
who does not trust, who does not even try.
Dies slowly he who does not relive his memories
and continues getting emotional as if living them at that moment.
Dies slowly he who does not intent excelling,
who does not learn from the stones of the road of life,
who does not love and let somebody love.
Let’s avoid death in soft quotes,
remembering always that to be alive demands an effort much bigger
that the simple fact of breathing.
Only a burning patience will lead to the attainment of a splendid happiness.”
(english version found here http://www.tumblr.com/tagged/martha-medeiros?before=1327761613)
A Morte Devagar
Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.
Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja quem não lê quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.
Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.
Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.
Martha Medeiros